quinta-feira, 15 de março de 2012

Adiado julgamento de 35 lideranças Xukuru acusados de crime contra o patrimônio


Os desembargadores do Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região, no Recife julgam na próxima quinta-feira o recurso de apelação de 35 lideranças do povo Xukuru do Ororubá, condenadas pela Justiça Federal de Pernambuco a penas que variam entre 10 e 13 anos.

 O julgamento, que deveria ser realizado hoje, foi adiado para a próxima semana. Os indígenas são acusados de praticar, em fevereiro de 2003, crimes contra o patrimônio de fazendeiros e demais ocupantes da terra indígena Xukuru, localizada na Serra do Ororubá, município de Pesqueira, Vale do Ipojuca, no Agreste pernambucano.
Depois de atentado sofrido pelo cacique Marcos Xukuru, que culminou no assassinato de dois indígenas que o escoltavam, a comunidade se rebelou e decidiu retirar os invasores da terra indígena, já homologada pela Presidência da República desde 2001.
Para a subprocuradora geral da República, Raquel Dodge, as investigações do caso deixaram de considerar vários depoimentos, principalmente os fatos que vitimaram o cacique Marcos, estopim para os eventos seguintes. Entre esses depoimentos estão o do então ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos Nilmário Miranda e do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) na época, Eduardo Almeida, que estiveram no local logo no início do conflito.
Na ocasião, as autoridades visitaram o cacique machucado e sedado, a Vila de Cimbres, palco do conflito, e o delegado de Pesqueira, que iria começar as primeiras oitivas, o que não teria acontecido.
Os depoimentos das testemunhas oculares, então, foram colhidos pela subprocuradora e pelo presidente da Funai e em seguida, uma comissão foi designada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos. No entanto, o material não foi considerado pela Justiça Federal. Agora, Raquel pede mais uma vez que os desembargadores examinem se as provas entregadas foram completas e revelam o s detalhes do episódio.
Os povos indígenas encaminharam um abaixo-assinado para os desembargadores do TRF-5 pedindo a inocência de seus parentes. Para as organizações indigenistas, trata-se de mais um processo de criminalização contra lideranças que lutam com as comunidades pelo território tradicional.


Fonte: http://www.xingu-otomo.net.br/adiado-julgamento-de-35-liderancas-xukuru-acusados-de-crime-contra-o-patrimonio/

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